sábado, 19 de maio de 2018

Considerações sobre o pensamento de Kant


Kant, foi “amplamente considerado como o principal filósofo da era moderna”[1], que se situa no “final da Idade Média e se prolonga até à Idade das Revoluções no século XVIII“ [2]. O que segue são apenas alguns apontamentos meus sobre o seu pensamento e não têm qualquer veleidade para além disso mesmo. A preocupação com Kant é que este acreditava que "A passagem gradual da fé eclesiástica ao domínio exclusivo da pura fé religiosa constitui a aproximação do reino de Deus". E todas as religiões de uma forma ou de outra se declaram aproximações do reino de Deus. Assim urge considerar Kant.

Animais também podem ser racionais e ter senso de justiça. O racionalismo de Kant nega aos animais essa possibilidade de terem moral.

O livre arbítrio em Kant torna-se desnecessário já que duas entidades racionais deveriam por força confluir na mesma moral. O livre arbítrio é a pedra-de-toque de ser livre. Não alguma abstrata construção racional.

Todo o indivíduo é soberano, daí emana a sua liberdade. Mas ele cede-a, porque a sua soberania não é absoluta e como tal precisa de cooperar com os seus semelhantes igualmente soberanos, para poderem alcançar objectivos comuns.

A máxima universal de Kant é afinal sumarizada no que Cristo disse: “Tens de fazer ao próximo o que gostarias que ele te fizesse.” Sendo que esta máxima tem um toque pró-activo que o racionalismo de Kent não tem. A máxima do Cristo gera moral, já que moral é um comportamento.

O “imperativo categórico” de Kant é apenas uma reformulação do utilitarismo [3]. A antropologia favorece o ponto de vista utilitarista por muito que nos custe. A nossa condição animal, com o mesmo imperativo de comer ou ser comido, é a base de toda a construção moral.

O conceito de Kant de a humanidade como fim em si mesmo, é de uma presunção religiosa: A Humanidade entendida como o pináculo da criação! A evolução rebate esta postura. Somos apenas uma espécie de passagem. Encarar de outra forma é voltar ao utilitarismo, considerando que a Humanidade apenas sobrevive se a sua moral a considerar como um fim.

O respeito em virtude da racionalidade humana, exclui os malucos da esfera moral? Obriga a aceitar o postulado que só quem é racional tem moral? Ou qualquer racional adquire o estatuto de humano? O respeito é particular ao humano racional?

É inescapável que estamos sujeitos às nossas necessidades circunstanciais ou por vontades e desejos que porventura tenhamos. Portanto a Lei que impomos a nós mesmos só por coincidência obedece ao “imperativo categórico”. O nosso presente foi condicionado pelas decisões de todos antes de nós! Kant está próximo da consciência como causa última, o que até o aproxima de Amit Goswami.

Creio que a posição de Kant, é racionalizar Deus. Deus é convertido no “imperativo categórico” e tudo o que ele afirma sobre liberdade não é mais do que a submissão voluntária. Mesmo a ideia do homem não ser propriedade de si próprio, ecoa a velha ideia religiosa de sermos filhos de Deus.

Kant cai na mesma velha armadilha de fragmentar a realidade. Separando o sexo consensual do amor como se estivessem que estar ligados. É como se apenas pudéssemos tomar uma refeição quando tivéssemos fome a sério. E ainda assim comer podia ser imoral. A moralidade de Kant em especial na “declaração verdadeira, porém enganosa”, é a moral de sacristão!

A felicidade não, mas a busca da felicidade deve ser um direito.

[3] https://pt.wikipedia.org/wiki/Utilitarismo

quinta-feira, 5 de abril de 2018

Imortalidade - Parte V



A imortalidade pela fama


Reprodução


Por último, temos de falar da imortalidade que se alcança pela realização de um propósito, por se deixar um legado.
A maioria acha que essa imortalidade se consegue pela reprodução, por ter filhos, alguém que nos lembre no futuro próximo e que depois transporte os genes para as gerações vindouras. Talvez seja realmente a única imortalidade que tem alguma hipótese. Pelo menos se os filhos tiverem filhos e por aí fora, sem nenhuma fatalidade ou opção que pare a transmissão. As mulheres em particular parecem sentir-se profundamente realizadas pelo facto de serem mães, mesmo que os seus filhos não sejam nem mais nem menos que a normalidade, sem qualquer traço de genialidade. Já o mencionamos de passagem em outros "posts" e repetimos a ideia, à evolução não importa o que resulta da reprodução, só lhe interessa que haja. Ela depois se encarregará de seleccionar o que importa. Portanto não interessa se os vossos filhos são génios ou calhaus com olhos, o que importa é que se continuem a reproduzir.
O pensamento religioso também se torna colaboracionista com a evolução quando defende que o casamento, como importante sacramento, só cumpre o propósito de Deus quando dá origem a filhos. A Bíblia por alguma razão enche páginas de genealogias que agora pouco interesse têm. Os judeus que as perseveraram, com a destruição do Templo de Jerusalém em 70 EC perderem importantes informações para sua agonia eterna. 
Se tem filhos, parabéns, há uma possibilidade que seja imortal através dos genes. Se bem que um dia a baralhação deles será tão grande que o seu contributo será muito diluído, mas é de facto melhor que nada.

Política


Alguns encaram que o serviço público pode deixá-los nos anais da história e assim obterem um lugar na memória colectiva dos homens. Para além de isso dar uma enorme trabalheira, que os concorrentes são mais que muitos e nem sempre a ideologia coincide com os lugares elegíveis e pode ser preciso fazer concessões. Mas mesmo que não faça e assuma as suas convicções é frustrante nunca ser capaz de se ir tão longe quanto se gostaria. E o legado, a recordação que se deixa em termos políticos, na maioria dos casos é uma nota de rodapé na história. Veja por exemplo quem se lembra de quem era o secretário de Tuntankhamon? Quem se importará com isso sequer, que a maioria está mais preocupada com o que os políticos do seu tempo alcançam do que com políticos do passado. Mas se for realmente excepcional nas suas realizações políticas e for bafejado pela sorte, certamente terá o seu lugar recordado por alguns anos mais para além da sua morte. Pode ser que ganhe um nome de rua e tudo! Não lhe chamaria imortalidade, mas é uma tentativa interessante.

Legado


Mas não enveredando pela política, talvez busque isso por meio de um legado artístico ou empresarial. Uma empresa bem sucedida pode levar o seu nome muitas gerações para a frente. Ainda hoje existe o nome Ford como marca de automóvel em honra ao Henry Ford que os começou a fabricar em escala industrial. Outras grandes empresas existem transportando os nomes dos seus fundadores. E como o dinheiro é uma utilidade apreciada, se for empreendedor quem sabe? Talvez a sua eternidade esteja por esse lado.
Outro será o legado artístico, e aqui este é mais arriscado porque nunca sabemos que artes a humanidade continuará a apreciar no futuro e que evolução cada uma dessas artes terá. Mas deixar livros publicados, pinturas ou esculturas realizadas, composições musicais escritas, com a dose necessária de sorte pode ser que ganhe fama e esta se prolongue no tempo. Lamentavelmente a fama nos dias de hoje é efémera, não se baseia no mérito, mas em interesses diversos e arrisca-se apesar do esforço a nunca ser reconhecido e a cair no esquecimento. Mas não desanime, porque às vezes de um longo esquecimento, alguém o (re)descobre e pode ser que ganhe ímpeto e não seja depressa esquecido. Não é a imortalidade mas pode ser melhor que nada.

Conclusão


Devem perceber que não falámos de todas as situações que nos podem levar a uma imortalidade mais ou menos longa com base em realizações. Há até quem se congele na esperança de um dia reviver. Não é bem uma imortalidade, mas uma espécie de vida em suspensão e não é garantida!
No fundo queremos todos pensar que não somos só uma brisa ou o pó no prato da balança, que um dia o futuro não nos terá e é essa antecipação que nos causa angústia. Quem ama a vida, quem tem um desejo permanente de aprender, certamente a limitação da vida humana é um empecilho aos seus desejos.
Alguns têm levado esta questão com seriedade e tentam influenciar os seus semelhantes, para que com eles entrem numa cruzada pelo rejuvenescimento e pela longevidade. É sem dúvida meritório mesmo que não sejam eles os beneficiários das tecnologias e tratamentos que sem dúvida tornarão a vida aprazível e longa. Mas cada um de nós está limitado no seu próprio tempo. Por aí não há outra solução melhor, a não ser deixar essas alpondras para as gerações futuras.
Assim, em conclusão, tudo o que podemos fazer de momento é tentativas de deixar algo de nós que reverbere no futuro e possa contribuir para que um dia a imortalidade se alcance efectivamente. Ou pelo menos que se abra como uma possibilidade para os que a queiram abraçar. Ninguém é obrigado a tornar-se imortal. 
No Grandioso Universo, quando nos libertarmos desta bola onde surgimos e evoluímos e perseguirmos as estrelas em viagens de anos-luz, então terá valido a pena o esforço de cada um de nós. Estaremos de novo na beira da praia onde antes um anfíbio saiu do mar e começou esta aventura que é agora a nossa e que agora se expande pelo Cosmos.

Enquanto a morte não chega, sejamos imortais!

segunda-feira, 2 de abril de 2018

Imortalidade - Parte IV



O que é morrer?


Um tema de perto relacionado com o da imortalidade é compreender o que é a morte. E compreender isso, obriga-nos a mergulhar mais profundamente ainda, na compreensão do Universo, naquilo que lhe deu origem e o mantém. É certamente exercício para gerações!
Mas será que não podemos ter vislumbres do que será o cenário último, da verdade?
O trabalho de muitos geniais gigantes permitiu-nos chegar a um tempo em que há abundância de conhecimento. Pode não ser ainda um "conhecimento exacto" [1] no sentido pleno, mas é certamente vasto. Aliás se encararmos a Bíblia como um testemunho da divindade no contexto cultural das diversas épocas em que foi escrita e não como narrativa dos pensamentos de Deus, podemos dizer que talvez Ele esperasse que amadurecêssemos até chegarmos a um entendimento de Si tão pleno quanto fosse possível. Nem sei bem, se esse entendimento se pode alcançar enquanto espécie humana, se é preciso vir outra espécie mais evoluída e portanto mais próxima ainda da plenitude de Deus. Ou então talvez tudo o que se precise é de uma transcendência que nos permita colocar-nos num patamar em que sejamos capazes de O entender.
Alguns dentre nós têm feito este esforço de O entender pelo uso do intelecto e das ferramentas que engenhosamente inventámos para alcançar a "verdade", como foi é método científico. Outros têm pregado a transcendência do amor, sendo exemplo épico Jesus. E ao largo das baralhadas teológicas, as questiúnculas sobre o número de anjos possível na cabeça de um alfinete, todos aceitamos pacificamente que o "Cristo foi a imagem de Deus." [2]

Em termos estritamente teológicos a morte física é deixar nas mãos de Deus a possibilidade de voltar a viver novamente, independente das questões se temos uma alma imortal e se alguma coisa acontece ou não noutro domínio. Jesus assemelhou a morte a um sono profundo[3] e creio que todos podemos concordar com essa sua afirmação, mesmo os cépticos e os não crentes, sendo a diferença que para estes nunca se acorda de tal sono e para os crentes há a esperança que se seja despertado.

O que nos diz o conhecimento científico? Façamos uma pequena ressalva: O conhecimento científico é só uma aproximação do que será a verdade. Ele está condicionado à nossa capacidade de tecermos hipóteses que se aproximem dos factos na interpretação correcta. É uma relação delicada esta entre os factos, que permanecem e estão sempre lá, e a interpretação dos mesmos. Há a necessidade da filosofia que suscita as questões e traz sobre os factos um olhar novo. Há que ter a ousadia dos poetas e dizer o que nunca foi dito, na intuição que permite adivinhar a realidade que ninguém mais viu. É um espectáculo de magia de longa duração, onde a realidade se revela sempre mais fantástica do que a nossa imaginação, tão humana e tão pequenina! Não podia ser de outro modo, num cosmos medido em milhões de anos-luz. Realmente para compreendermos o Universo bem que precisávamos de alcançar a imortalidade. Sim, é uma íntima relação entre a imortalidade e o conhecimento. É só por meio de artifícios como a escrita que conseguimos fintar esta ignorância que ocorre com cada morte.

O que sabemos sobre a morte?


Realmente sabemos muito pouco. Se não houver inviolabilidade do tempo, a morte pode não existir, já que passado, presente e futuro não serão absolutos. As dificuldades em definir o tempo, levam alguns a pensar que é uma construção, talvez como o éter luminífero foi em tempos, e que deva ser descartado. "O tempo não é um aspecto fundamental da realidade." Einstein em 1955 na morte do seu amigo Michele Besso escreveu: "‘Agora ele partiu deste estranho mundo um pouco à minha frente. Isto não significa nada. Pessoas como nós, que acreditam na física, sabem que a distinção entre passado, presente e futuro é apenas uma teimosa e persistente ilusão.’ [4]

A ser verdade isto remete para outra questão: importará assim tanto viver para sempre? 


"Será que o nosso desejo de viver, não é apenas um truque do gene egoísta para que nos reproduzamos e cuidemos da descendência?... A resposta depende do que acontece depois que morremos." [5] 
Se ao morrermos formos para um lugar melhor, como muitos acreditam que seja possível, então morrer nem é um mau negócio. Já se ao morrer se for parar ao inferno ou reencarnar como um porco, talvez valha a pena tentar prolongar o tempo em que por cá se anda como humano.
Se alcançar um lugar melhor após a morte depende da fé e de cumprir certos requisitos, então não será um drama quando se perde a fé ou se peca (não se cumprem os requisitos)? Mais valia ter morrido mais cedo, antes dessa perda de fé ou do cometer pecado!
Em boa medida, viver para sempre ou não, depende daquilo em que acreditarmos.

Há contudo a hipótese de que ao morrer acabe tudo.


O que traz outras questões: como viver se tudo acaba? E já que levar uma vida feliz não é sinónimo de levar uma vida com sentido, então que escolhas devemos fazer?
Uma vida sem sentido deprime-nos, o que mostra que ser feliz não deve ser o único objectivo na vida.
Se a felicidade resulta da satisfação dos nossos desejos, uma vida com sentido não precisa disso.
A felicidade é momentânea, sentida no "agora", já o sentido da vida tem que ver com o futuro. Quem vive para o presente, para ser feliz, carece de profundidade. O sentido da vida consiste em estabelecer uma narrativa coerente que une passado, presente e futuro, uma história de vida. Mas o sentido da vida não contribui para a felicidade, embora possa dar essa ilusão.

Os generosos embora possam sentir que a vida ganha sentido, não ganham em felicidade. Talvez seja por isso que o gene é egoísta. Tudo o que nos dá felicidade é egoísta. Mas tudo o que é expressão de nós mesmos, definir-se, construir uma boa reputação está ligado com o sentido da vida.
Atribuir significado, sentidos, é o que nos permitiu sobreviver através da gregaridade. Usamos a linguagem, as palavras como ferramenta que nos conecta uns aos outros e isso permite a nossa sobrevivência. Do sentido das palavras, enquanto comunicação, passamos a enquadramentos mais vastos. A democracia vai nesse sentido.
"O sentido é mais estável que a emoção, e assim coisas vivas usam o sentido como parte da sua demanda para alcançar estabilidade." [6]


Como a vida ganha sentido?



A solidão não traz nem felicidade nem sentido à vida.
A vida carece de propósito. O primeiro propósito vem da natureza: sobreviver e reproduzir-se. A segunda fonte de propósito é a cultura. A terceira fonte são as nossas escolhas.

A necessidade de um sentido é que ele confere valor. É uma propriedade moral, uma definição de bom e de mau. Não estamos aqui muito longe da história contada no Gênesis: "Pois Deus sabe que, no mesmo dia em que o comerem, os vossos olhos irão abrir-se e vocês serão como Deus, sabendo o que é bom e o que é mau.” [7] É aqui que sentido se torna social, já que o "bom" e o "mau" é uma questão de consenso social, pelo menos daquele em que nos inserimos.
Outra necessidade de sentido vem da eficácia. Objectivos e valores que não levam a lado nenhum, importam? Todos queremos alcançar alguma coisa com as nossas vidas.
Por último a necessidade de sentido vem do amor-próprio, da forma como nos vemos a nós mesmos e nos valoramos.

"Uma vida terá sentido se responder às quatro questões de propósito, valor, eficácia e amor-próprio. São estas questões, não as respostas, que fortalecem e unificam." [6]

Talvez a vida não passe de uma interrogação permanente.

Morrer é quando já não fazemos mais perguntas, independentemente se através da morte encontramos ou não,  todas as respostas.

[1] 1 Timóteo 2:4
[2] 2 Coríntios 4:4
[3] João 11:11: Depois de dizer isto, ele acrescentou: “O nosso amigo Lázaro adormeceu, mas eu vou lá para o acordar."
[4] https://aeon.co/ideas/there-is-no-death-only-a-series-of-eternal-nows 
[5] https://aeon.co/essays/is-a-long-life-necessarily-a-good-life
[6] https://aeon.co/essays/what-is-better-a-happy-life-or-a-meaningful-one 
[7] Gênesis 3:5

Imortalidade - Parte III


As criaturas

Talvez tenha ficado a ideia, pelas nossas anteriores publicações, que a imortalidade atinge apenas uma criatura que seria então a excepção que confirma a regra. Poderia passar por uma distracção do Deus Criador, uma espécie de nota na criação que recordasse os mais cépticos de que a eternidade era possível. Aquilo que Paulo escreve:"Pois as suas qualidades invisíveis — mesmo o seu poder eternos e Divindade — são claramente vistas desde a criação do mundo, porque são percebidas por meio das coisas feitas, de modo que eles não têm desculpa." [1]
Contudo, as criaturas eternas (ou com esse potencial) são em maior número do que uma eventual distracção do Criador poderia deixar escapar.

A natureza parece favorecer os organismos simples nesta aventura de existir. Se acontecer um holocausto nuclear, e isso parece cada vez mais perto nesta loucura de sermos governados por psicopatas, haverá sobreviventes. Em Hiroshima a simples, do ponto de vista biológico, ginkgo biloba sobreviveu. Não, possivelmente as baratas não resistiriam, mas uma bactéria de nome Deinococcus teria uma boa oportunidade de sobreviver, ou a humilde Mosca-da-fruta ou o Besouro-da-Farinha ou a vespa Habrobracon. [2] Assim, o fim dos mamíferos abrirá caminho aos insectos. Talvez houvesse alguma razão para os antigos egípcios considerarem os escaravelhos sagrados. [3]

Voltando à questão das criaturas imortais, elas são mais numerosas do que podíamos pensar. Aliás, na cultura popular só seres míticos são dotados de imortalidade ou de vidas excepcionalmente longas, o que mostra que vivemos num condicionalismo cultural que nos impede de encarar o assunto. Resulta certamente da concorrência cultural das religiões que querem o exclusivo da imortalidade.
Mas encaremos as coisas como são e não como eventualmente gostaríamos que fosse: 
Temos a nossa já falada Hydra que mesmo os cépticos admitem que possa viver 10.000 anos ao invés de ser imortal!
As medusas também se revelam imortais, capazes de rejuvenescer.
Certos pinheiros vivem 4.700 anos.
Os corais podem viver 4.000 anos. 
O Arctica islandica pode viver 500 anos.
A Lagosta Americana também parece ser imortal, capaz de regenerar membros perdidos. Os grandes espécimenes capturados calcula-se que tenham 140 anos! [4][5][6]
Estou certo que haveria mais candidatos a esta lista.

Do ponto de vista teológico convém deixar claro que toda a criatura que viver mais de 1.000 anos é por inerência imortal. Não esquecer que a condenação de Deus foi "Mas, quanto à árvore do conhecimento do que é bom e do que é mau, não comas dela, porque, no dia em que comeres dela, certamente morrerás.” [7] e que por outro lado como avisa Pedro: "Contudo, não despercebam o seguinte, amados: para Jeová, um dia é como mil anos, e mil anos são como um dia." [8] Esta lógica é também o que esteve por detrás da razão de haver o Dilúvio, a geração híbrida entre anjos e humanos era por herança genética dos anjos imortal. Se lhes fosse permitido viver para além dos mil anos essa imortalidade não lhes podia ser tirada. Estes aspectos são muito interessantes, pois encontramos esta mistura entre humanos e deuses repetidos muitas vezes nas diferentes culturas. Certamente assente em alguma intensa experiência humana, mas isso poderá ocupar-nos em outra altura. Por agora, reforçar que mesmo do ponto de vista teológico qualquer criatura com mais de mil anos, ganhou a imortalidade!

Agora que reconhecemos que a natureza descobriu o caminho da imortalidade, resta para nós humanidade, alguma esperança?



[1] Romanos 1:20 
[7] Gênesis 2:17 
[8] 2 Pedro 3:8

sábado, 31 de março de 2018

Imortalidade - Parte II



A irrelevância do Cristo

Por esta época as comemorações pascais relembram aos cristãos a sua dívida de gratidão pelo sacrifício humano do Cristo, que lhes permite o perdão de pecados e esse perdão abrir a porta da vida eterna.
Não podemos esquecer que o cristianismo é a evolução do judaísmo e que esta religião incluía na sua prática o sacrifício animal, entendido este e sendo símbolo, do sacrifício humano. É antiga esta ideia de que é possível a salvação através do sacrifício humano. [1] Há evidências arqueológicas que a cultura israelita não esteve imune a estas práticas e que chegou a participar delas [2]. A aceitação da morte sacrificial de um humano à deidade pode ser notada no episódio em que o Deus Jeová solicita que Abraão sacrifique seu filho Isaque. [3] Apesar da argumentação dos apologistas é bom não esquecer que um Deus Todo-Sábio não precisaria de realizar nenhuma prova a um dos seus adoradores para saber da profundidade da sua devoção. Da mesma forma um Deus Todo-Amoroso nunca colocaria o fardo dessa decisão sobre um dos seus adoradores e muito menos sendo ele fidelíssimo. Só podemos então entender este tipo de narrativa bíblica, como uma contaminação cultural, de uma sociedade que aceitava o sacrifício humano.
Paulo escreve “…Cristo, no tempo determinado, morreu por homens ímpios.” [4] e vê nessa morte uma evidência do amor de Deus [5]. Há latente um legalismo baseado na Lei de Talião que pode ser expresso na frase de vida por vida [6]. Notamos aqui ainda um primitivismo jurídico que não é compaginável com um Deus Todo-Sábio, a menos que este Deus evolua nas suas concepções em plena sintonia com a evolução cultural dos seus adoradores. Poderia ser, mas isso leva-nos a perguntar qual a utilidade desse Deus mesmo para os seus crentes?
Dificilmente hoje aceitaríamos sacrifícios humanos num contexto religioso, apesar de eles acontecerem sob formas explícitas nos casos dos suicídios colectivos[7][8] ou dissimulados quando os crentes recusam medicina. As Testemunhas de Jeová não estão isentas deste sacrifício humano por recusarem transfusões de sangue. [9][10]
Alguns reflectirão nos actos envolvendo a Páscoa cristã. A maioria contudo apenas propagará uma tradição sem pensar muito nas razões da sua celebração. É este desapego entre a racionalização das crenças e o automatismo do cumprimento da tradição, nesta preguiça mental, que nasce campo para a manipulação. Não se está muito longe de emocionalmente ser conduzido a praticar o que nunca antes se pensou, não se ficando assim longe da possibilidade de violência contra si próprio como no caso dos suicídios coletcivos ou na violência contra outros, pelo facto de não partilharem ou seguirem as tradições que se estimam.
Fará ainda sentido celebrar a Páscoa ou a Morte de Cristo? Para a maioria das Testemunhas de Jeová fará muito pouco sentido, já que a morte de Cristo é primariamente para benefício dos ungidos, classe manifestamente minoritária e que se interpõem entre eles e o Cristo, como mediador secundário. É a negação, embora encapotada, de que Jesus seja “o caminho, a verdade e a vida” e que “ninguém vem ao Pai senão por mim”.[11]  Agora para chegar ao Pai há uma classe intermédia composta de ungidos, que nos últimos anos foram reduzidos à acção do Corpo Governante.
Mas para os católicos o problema não se afigura menor, pois se cada um ao morrer recebe após a morte o seu julgamento e assim vai parar ao céu ou ao inferno, qual é mesmo o papel do Cristo? Nas palavras de Paulo e assumindo o Cristo como Deus “Pois todos nós compareceremos perante o tribunal de Deus”[12], sendo que aqui Deus fica reduzido a um mero juiz de almas. Nenhuma necessidade de redenção, já que aqui é o final da questão.
Assim sem se darem conta, o Cristo é tornado irrelevante na obtenção da eternidade. Menorizado nas Testemunhas de Jeová onde para a maioria não age como mediador, e mero distribuidor de sentenças post-mortem no catolicismo.
Aquele que nos Evangelhos é descrito como ressuscitador de mortos e a fonte de vida eterna[13], como prometendo aos desgraçados o Paraíso[14], acaba na irrelevância de uma figura folclórica. Nada que não estivesse profetizado.[15]
A humanidade está sempre mais perto da morte, pelas guerras, pelas suas diferenças culturais, ou até pelas suas crenças estranhas no poder redentor de um sacrifício humano. Raramente a humanidade se aproxima de uma busca séria pela eternidade e temas relacionados. Os alquimistas, os curandeiros, foram perseguidos pelos religiosos amantes da morte, mesmo quando buscavam uma prolongação da sua vida física. Mesmo hoje, os “combatentes” do envelhecimento são olhados com suspeição. Criaturas estranhas que parecem querer perverter o rumo “natural” das coisas. [16] Presumo que isto é apenas um efeito secundário das velhas ideias religiosas que concebem como blasfémia a hipótese de uma eternidade conseguida por mãos humanas sem a necessidade de um Cristo redentor, sem a necessidade um sacrifício, bem expresso nas palavras “Éis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo!” [17] Ao dizer que “tira o pecado do mundo” é o mesmo que dizer que tira a morte. Aventar sequer a possibilidade de tirar a morte sem necessidade do “Cordeiro” soa tremendamente blasfemo! Afinal, alcançada a imortalidade, fará ainda sentido a religião?

[3] Gênesis 22:2: Então ele disse: “Por favor, leva o teu filho, o teu único filho, a quem tanto amas, Isaque, vai à terra de Moriá e oferece-o ali como oferta queimada num dos montes que te indicarei.”
[4] Romanos 5:6
[5] Romanos 5:8: Mas Deus recomenda-nos o seu próprio amor, por Cristo ter morrido por nós enquanto ainda éramos pecadores.
[11] João 14:6
[12] Romanos 14:10
[13] João 11:25
[14] Lucas 23:43: “Eu te digo hoje: Estarás  comigo no Paraíso.”
[15] 1 Pedro 2:4: “… uma pedra vivente rejeitada pelos homens, mas escolhida e preciosa para Deus, …”
[17] João 1:29

sexta-feira, 30 de março de 2018

Imortalidade




Talvez não haja sonho mais antigo do que o de alcançar a imortalidade. Esse sonho foi reforçado culturalmente pela religião. Outros decidiram tomar o assunto em mãos e surgiu a alquimia. Curiosamente não é o medo da morte que nos leva a querer a imortalidade. Num estudo publicado em 2002 descobriu-se que "o medo da morte não tem relação com crenças relativas à imortalidade".[1]
Desde bem cedo na vida acreditamos que a consciência permanece, mesmo depois do corpo desaparecer. Aceitamos a morte física do corpo, mas já não é fácil aceitar a morte psíquica.
A vida eterna é um desejo que se manifesta cedo na vida, sendo que as crianças a têm como adquirida.
A ideia que emoções e desejos já existem antes de nascermos é comum entre as crianças, mesmo aquelas que nunca foram expostas a tais ideias, nomeadamente ao conceito de reencarnação.
A vida eterna é uma intuição com que nascemos e é independente de crenças religiosas. Sentir e desejar é o que nos faz humanos.

O desejo de eternidade deixou o domínio da religião e passou a estar presente também no mundo secular. A criopreservação é um destes exemplos. Outras questões como o rejuvenescimento e o “upload” da mente para um computador são outros exemplos de como o desejo de eternidade afecta o mundo secular. Isto traz problemas éticos com os quais a humanidade eventualmente se confrontará. [2] Por exemplo, será a eternidade compatível com a reprodução? Haverá recursos para uma sociedade constituído de seres eternos?

Voltando à pergunta se existe vida após a morte. Ou seja, se a vida é efectivamente eterna ou não. Alguns defendem que essa ideia é o nosso cérebro a enganar-nos, numa estratégia de sobrevivência.
Uns acreditam que há vida após a morte e outros não. Stevenson da Universidade da Virgínia fundou a Divisão de Estudos Perceptuais com o propósito de provar irrefutavelmente a permanência da consciência após a morte. Criou um protocolo, em que em vida a pessoa fixaria uma mnemónica constituída de seis palavras que combinadas, dariam a combinação de um cofre e que após a morte essa combinação seria fornecida a alguém provando assim o ponto em questão. Stevenson faleceu a 8 de Fevereiro de 2007 e muitos reclamaram ter a combinação correta. Mas nenhuma resultou.
Contudo, não apenas a ideia de eternidade mas a vida eterna como possibilidade existe. A medusa Hydra é possivelmente o único organismo imortal que temos conhecimento (ver video acima). Daniel Martinez propõe-se estudar a criatura já que esta tem o potencial de nos fornecer terapias que podem prolongar a vida humana. [3]

Do ponto de vista religioso a existência desta criatura imortal coloca um conjunto de problemas fundamentais. Ela arrasa o argumento teológico que afirma que a morte é consequência do pecado. Como Paulo escreve : "É por isso que, assim como por meio de um só homem o pecado entrou no mundo, e a morte por meio do pecado e, desse modo, a morte espalhou-se por toda a humanidade, porque todos tinham pecado. . . " [4] 
Ou ainda a ideia de que os animais, que não têm pecado, foram deliberadamente criados com a morte como perspectiva. É que no caso desta criatura animal, nenhum dos dois argumentos funcionam: Se esta criatura é imortal, então é uma criatura perfeita, uma que não precisa de nenhuma redenção (Romanos 5:21)[5]. Por outro lado desmente que os animais tenham por propósito sido criados para morrer, ou pelo menos neste caso há uma excepção! O porquê da excepção fica por explicar.
Já se havia levantado questão semelhante aos defeitos genéticos. O argumento teológico é que estes resultam da imperfeição humana, de termos cortado a nossa relação com Deus e nos encontrarmos em pecado, o pecado original com que todos nascemos. O problema é que os animais não estão incluídos nessa relação e contudo também têm defeitos genéticos. No caso deles, que nunca pecaram, nem sequer a noção de pecado se lhes aplica, como justificar?

No presente caso a teologia traz mais problemas do que aqueles que explica, sendo assim uma má hipótese, que a bem da verdade, precisa de ser rejeitada.

Não podemos deixar que o medo do vazio nos impeça de rejeitar hipóteses que nada explicam. Mas temos de ter consciência da nossa ignorância, abraçá-la, para conscientes dela, podermos com coragem avançar na descoberta da verdade. A existência de uma criatura eterna, joga fora a necessidade de Cristo, o que penso será anátema para qualquer crente cristão. Mas é um mau serviço negarmos a evidência só porque ela não encaixa na nossa cosmogonia.  
Aquilo em que se crê seja em relação a como o mundo é ou do ponto de vista da continuação da vida influi no modo como nos relacionamos. Um estudo revela que quem mais medo tem da morte mais se inclina à direita em termos políticos. Construir um sistema político baseado no medo não parece saudável. “A Teoria da Gestão do Terror prediz que ataques massivamente destrutivos conduzem as sociedades a crescerem exponencialmente mais caóticas e divididas.” [6] O que é naturalmente bom para os que usam a máxima de “dividir para reinar”.
O medo da morte conduz-nos a mais morte e retira-nos a capacidade de sermos racionais, compassivos e pacíficos.


[4] Romanos 5:12
[5] Romanos 5:21


sábado, 24 de março de 2018

A Religião Revolucionária – Parte II





A Reinvenção do Politburo

Curiosamente todos os movimentos de matriz conservadora, nos quais se incluem muitas das religiões, mesmo as de génese mais recente, é incontornável como adquirem rapidamente tiques autoritários e mais curioso ainda, recuperam mesmo inconscientemente os modelos organizacionais de sistemas que salvaguardam a uniformidade e que lidam muito mal com o pensamento dissidente.
A religião das Testemunhas de Jeová começa pela busca individual de Russell, insatisfeito com as explicações das religiões que conhecia e se dera ao trabalho de examinar. O que se quer reforçar é que a busca da “verdade” é sempre um acontecimento individual. O entusiasmo e os meios é que podem depois originar que desta busca individual surja um movimento e que no final ele se converta numa religião.
A religião iniciada com Russell, evolui com o carisma de Rutherford que é uma caricatura de russo bêbado e religioso megalómano. Uma espécie de Estaline que assume o controlo da casa mediante golpes palacianos e purgas várias. Não é desconhecida a forma como ignora os desejos do fundador e trata de eliminar do caminho todos os que se lhe atreveram a fazer frente, esses sim, apostados em respeitar a vontade de Russell. Criador de Beth Sarim[1] como a Dacha dos altos quadros sovietes e com fantasias teocráticas de uma ressurreição de “príncipes” que justifica que em plena Grande Depressão sejam alocados recursos para construir palácios, o que mostra bem como estes altos quadros se desligam da base que os suporta. Tão típico dos CEOs nas corporações que procedem a “downsizing”. Ou como o Politburo que procura ignorar a voz das bases, para implementar a de uma Elite nascida do aparelho.

Com a chegada de Nathan Knorr esta transformação organizativa vai apenas acentuar-se. Ele decide dar ao movimento um forte cunho empresarial imitando as grandes corporações. Não é uma mudança de política, mas antes uma evolução na continuidade.
É criado um grupo para presidir e orientar a organização: o Corpo Governante (CG). O que levou o Frederick Franz a dizer que tinham vivido numa monarquia até 1976! [2] Portanto esta questão do Corpo Governante não tem nada de teológica, mas acima de tudo de reorganização interna numa luta pelo poder.

Há uma razão por detrás do crescente papel do Corpo Governante: Pretende estar fora do alcance do poder político, numa expressão extrajurídica de qualquer país onde esteja. Isto porque as Sociedades que usa para poder operar dentro de um enquadramento legal, podem ser dissolvidas pelo “Mundo”. O Corpo Governante nunca poderá ser dissolvido por nenhum governo do mundo, buscando como fonte de sua soberania uma relação privilegiada com Deus, argumento comum a todos os ávidos de poder, mas nem por isso mais convincente. Há aqui a criação de uma nação, que reivindica a sua própria soberania e nos remete para a visão judaica denunciada nos Evangelhos: “Se o deixarmos continuar assim, todos depositarão fé nele, e os romanos virão e irão tirar-nos tanto o nosso lugar como a nossa nação.”[3] Como se depreende também o atual Corpo Governante tem o seu lugar e a sua nação. Devia pressupor-se que tal elevado privilégio da parte de Deus, se este quisesse muito estabelecer uma espécie de Embaixada terrestre, que o faria acompanhar das devidas credenciais. Há que lembrar que Moisés ao ser enviado a Faraó não apareceu sem credenciais, o seu bastão transformava-se em serpente. Estes nada trazem a não ser a sua presunção.
Esta “nação” cria os seus próprios órgãos governativos. A este CG respondem os sócios das Sociedades usadas. É este órgão do qual dimanam as doutrinas, as regras, no fundo as leis a que todas as TJs fiéis devem obedecer incondicionalmente. Na sua trapalhada teológica, como havia que fazer entrar novos ungidos no seleto clube do CG, na medida em que alguns iriam receber o seu prémio e sentar-se no seu lugar entre os 144.000 eleitos do Senhor, chegaria certamente o tempo em que não haveria ungidos para ocupar os lugares. Assim inventaram o papel dos “netineus”, que seriam os ajudantes dos ungidos, na semelhança dos netineus que haviam servido junto dos sacerdotes judeus na altura do Templo e nele serviam.
Tudo isso correu um bocado mal porque o tempo foi correndo e com a abertura das atividades a Leste, o número de ungidos ao invés de cair com a aproximação do “fim”, manteve-se e até aumentou ligeiramente. Ou o “fim” ainda ia demorar ou era estranho e afinal os ungidos ainda estavam por recolher e todas aquelas datas de 1935 ser o fim do período de recolha de ungidos e o início do ajuntamento da “grande multidão”. A “grande multidão” seriam aqueles que atravessariam a “grande tribulação” e passariam com vida pelo Armagedon. Realmente épico! Mas todo esse esquema teológico estava a ser deitado abaixo com a multiplicação de ungidos a Leste. E ou criavam outro caso teológico, e foi o que fizeram, alongando o período de escolha dos ungidos que haviam encerrado em 1935, deixando a possibilidade de esse ajuntamento ainda continuar.

Igual ao Politburo dos países socialistas eles enquanto "escravo fiel" vêm a si mesmos como a vanguarda, as "primícias" do "povo escolhido". Também eles se legitimam a si mesmos para liderar a "organização". É um corpo que se auto-perpétua e que de facto exerce força de lei.
O Politburo endurece as suas posições e trata de travar qualquer dissidência, como aconteceu com a expulsão de Raymond Franz e a purga que se lhe seguiu. Este Politburo apesar de dizer acreditar em Deus, tem sempre extremo cuidado para não basear a sua confiança unicamente na fé. Prefere métodos mais mundanos, políticos, que lhe parecem muito mais eficazes.
[3] João 11:48