sábado, 19 de maio de 2018

Considerações sobre o pensamento de Kant


Kant, foi “amplamente considerado como o principal filósofo da era moderna”[1], que se situa no “final da Idade Média e se prolonga até à Idade das Revoluções no século XVIII“ [2]. O que segue são apenas alguns apontamentos meus sobre o seu pensamento e não têm qualquer veleidade para além disso mesmo. A preocupação com Kant é que este acreditava que "A passagem gradual da fé eclesiástica ao domínio exclusivo da pura fé religiosa constitui a aproximação do reino de Deus". E todas as religiões de uma forma ou de outra se declaram aproximações do reino de Deus. Assim urge considerar Kant.

Animais também podem ser racionais e ter senso de justiça. O racionalismo de Kant nega aos animais essa possibilidade de terem moral.

O livre arbítrio em Kant torna-se desnecessário já que duas entidades racionais deveriam por força confluir na mesma moral. O livre arbítrio é a pedra-de-toque de ser livre. Não alguma abstrata construção racional.

Todo o indivíduo é soberano, daí emana a sua liberdade. Mas ele cede-a, porque a sua soberania não é absoluta e como tal precisa de cooperar com os seus semelhantes igualmente soberanos, para poderem alcançar objectivos comuns.

A máxima universal de Kant é afinal sumarizada no que Cristo disse: “Tens de fazer ao próximo o que gostarias que ele te fizesse.” Sendo que esta máxima tem um toque pró-activo que o racionalismo de Kent não tem. A máxima do Cristo gera moral, já que moral é um comportamento.

O “imperativo categórico” de Kant é apenas uma reformulação do utilitarismo [3]. A antropologia favorece o ponto de vista utilitarista por muito que nos custe. A nossa condição animal, com o mesmo imperativo de comer ou ser comido, é a base de toda a construção moral.

O conceito de Kant de a humanidade como fim em si mesmo, é de uma presunção religiosa: A Humanidade entendida como o pináculo da criação! A evolução rebate esta postura. Somos apenas uma espécie de passagem. Encarar de outra forma é voltar ao utilitarismo, considerando que a Humanidade apenas sobrevive se a sua moral a considerar como um fim.

O respeito em virtude da racionalidade humana, exclui os malucos da esfera moral? Obriga a aceitar o postulado que só quem é racional tem moral? Ou qualquer racional adquire o estatuto de humano? O respeito é particular ao humano racional?

É inescapável que estamos sujeitos às nossas necessidades circunstanciais ou por vontades e desejos que porventura tenhamos. Portanto a Lei que impomos a nós mesmos só por coincidência obedece ao “imperativo categórico”. O nosso presente foi condicionado pelas decisões de todos antes de nós! Kant está próximo da consciência como causa última, o que até o aproxima de Amit Goswami.

Creio que a posição de Kant, é racionalizar Deus. Deus é convertido no “imperativo categórico” e tudo o que ele afirma sobre liberdade não é mais do que a submissão voluntária. Mesmo a ideia do homem não ser propriedade de si próprio, ecoa a velha ideia religiosa de sermos filhos de Deus.

Kant cai na mesma velha armadilha de fragmentar a realidade. Separando o sexo consensual do amor como se estivessem que estar ligados. É como se apenas pudéssemos tomar uma refeição quando tivéssemos fome a sério. E ainda assim comer podia ser imoral. A moralidade de Kant em especial na “declaração verdadeira, porém enganosa”, é a moral de sacristão!

A felicidade não, mas a busca da felicidade deve ser um direito.

[3] https://pt.wikipedia.org/wiki/Utilitarismo

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