Kant, foi “amplamente considerado
como o principal filósofo da era moderna”[1], que se
situa no “final da Idade Média e se prolonga até à Idade das Revoluções no
século XVIII“ [2]. O que segue são apenas alguns apontamentos meus sobre o seu
pensamento e não têm qualquer veleidade para além disso mesmo. A preocupação
com Kant é que este acreditava que "A passagem gradual da fé eclesiástica
ao domínio exclusivo da pura fé religiosa constitui a aproximação do reino de
Deus". E todas as religiões de uma forma ou de outra se declaram
aproximações do reino de Deus. Assim urge considerar Kant.
Animais também podem ser
racionais e ter senso de justiça. O racionalismo de Kant nega aos animais essa
possibilidade de terem moral.
O livre arbítrio em Kant torna-se
desnecessário já que duas entidades racionais deveriam por força confluir na
mesma moral. O livre arbítrio é a pedra-de-toque de ser livre. Não alguma
abstrata construção racional.
Todo o indivíduo é soberano, daí
emana a sua liberdade. Mas ele cede-a, porque a sua soberania não é absoluta e como
tal precisa de cooperar com os seus semelhantes igualmente soberanos, para
poderem alcançar objectivos comuns.
A máxima universal de Kant é
afinal sumarizada no que Cristo disse: “Tens de fazer ao próximo o que gostarias
que ele te fizesse.” Sendo que esta máxima tem um toque pró-activo que o
racionalismo de Kent não tem. A máxima do Cristo gera moral, já que moral é um
comportamento.
O “imperativo categórico” de Kant
é apenas uma reformulação do utilitarismo [3]. A antropologia favorece o ponto
de vista utilitarista por muito que nos custe. A nossa condição animal, com o
mesmo imperativo de comer ou ser comido, é a base de toda a construção moral.
O conceito de Kant de a
humanidade como fim em si mesmo, é de uma presunção religiosa: A Humanidade
entendida como o pináculo da criação! A evolução rebate esta postura. Somos
apenas uma espécie de passagem. Encarar de outra forma é voltar ao
utilitarismo, considerando que a Humanidade apenas sobrevive se a sua moral a
considerar como um fim.
O respeito em virtude da racionalidade
humana, exclui os malucos da esfera moral? Obriga a aceitar o postulado que só
quem é racional tem moral? Ou qualquer racional adquire o estatuto de humano? O
respeito é particular ao humano racional?
É inescapável que estamos
sujeitos às nossas necessidades circunstanciais ou por vontades e desejos que
porventura tenhamos. Portanto a Lei que impomos a nós mesmos só por
coincidência obedece ao “imperativo categórico”. O nosso presente foi
condicionado pelas decisões de todos antes de nós! Kant está próximo da
consciência como causa última, o que até o aproxima de Amit Goswami.
Creio que a posição de Kant, é
racionalizar Deus. Deus é convertido no “imperativo categórico” e tudo o que
ele afirma sobre liberdade não é mais do que a submissão voluntária. Mesmo a
ideia do homem não ser propriedade de si próprio, ecoa a velha ideia religiosa
de sermos filhos de Deus.
Kant cai na mesma velha armadilha
de fragmentar a realidade. Separando o sexo consensual do amor como se
estivessem que estar ligados. É como se apenas pudéssemos tomar uma refeição
quando tivéssemos fome a sério. E ainda assim comer podia ser imoral. A
moralidade de Kant em especial na “declaração verdadeira, porém enganosa”, é a
moral de sacristão!
A felicidade não, mas a busca da
felicidade deve ser um direito.
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