segunda-feira, 2 de abril de 2018

Imortalidade - Parte III


As criaturas

Talvez tenha ficado a ideia, pelas nossas anteriores publicações, que a imortalidade atinge apenas uma criatura que seria então a excepção que confirma a regra. Poderia passar por uma distracção do Deus Criador, uma espécie de nota na criação que recordasse os mais cépticos de que a eternidade era possível. Aquilo que Paulo escreve:"Pois as suas qualidades invisíveis — mesmo o seu poder eternos e Divindade — são claramente vistas desde a criação do mundo, porque são percebidas por meio das coisas feitas, de modo que eles não têm desculpa." [1]
Contudo, as criaturas eternas (ou com esse potencial) são em maior número do que uma eventual distracção do Criador poderia deixar escapar.

A natureza parece favorecer os organismos simples nesta aventura de existir. Se acontecer um holocausto nuclear, e isso parece cada vez mais perto nesta loucura de sermos governados por psicopatas, haverá sobreviventes. Em Hiroshima a simples, do ponto de vista biológico, ginkgo biloba sobreviveu. Não, possivelmente as baratas não resistiriam, mas uma bactéria de nome Deinococcus teria uma boa oportunidade de sobreviver, ou a humilde Mosca-da-fruta ou o Besouro-da-Farinha ou a vespa Habrobracon. [2] Assim, o fim dos mamíferos abrirá caminho aos insectos. Talvez houvesse alguma razão para os antigos egípcios considerarem os escaravelhos sagrados. [3]

Voltando à questão das criaturas imortais, elas são mais numerosas do que podíamos pensar. Aliás, na cultura popular só seres míticos são dotados de imortalidade ou de vidas excepcionalmente longas, o que mostra que vivemos num condicionalismo cultural que nos impede de encarar o assunto. Resulta certamente da concorrência cultural das religiões que querem o exclusivo da imortalidade.
Mas encaremos as coisas como são e não como eventualmente gostaríamos que fosse: 
Temos a nossa já falada Hydra que mesmo os cépticos admitem que possa viver 10.000 anos ao invés de ser imortal!
As medusas também se revelam imortais, capazes de rejuvenescer.
Certos pinheiros vivem 4.700 anos.
Os corais podem viver 4.000 anos. 
O Arctica islandica pode viver 500 anos.
A Lagosta Americana também parece ser imortal, capaz de regenerar membros perdidos. Os grandes espécimenes capturados calcula-se que tenham 140 anos! [4][5][6]
Estou certo que haveria mais candidatos a esta lista.

Do ponto de vista teológico convém deixar claro que toda a criatura que viver mais de 1.000 anos é por inerência imortal. Não esquecer que a condenação de Deus foi "Mas, quanto à árvore do conhecimento do que é bom e do que é mau, não comas dela, porque, no dia em que comeres dela, certamente morrerás.” [7] e que por outro lado como avisa Pedro: "Contudo, não despercebam o seguinte, amados: para Jeová, um dia é como mil anos, e mil anos são como um dia." [8] Esta lógica é também o que esteve por detrás da razão de haver o Dilúvio, a geração híbrida entre anjos e humanos era por herança genética dos anjos imortal. Se lhes fosse permitido viver para além dos mil anos essa imortalidade não lhes podia ser tirada. Estes aspectos são muito interessantes, pois encontramos esta mistura entre humanos e deuses repetidos muitas vezes nas diferentes culturas. Certamente assente em alguma intensa experiência humana, mas isso poderá ocupar-nos em outra altura. Por agora, reforçar que mesmo do ponto de vista teológico qualquer criatura com mais de mil anos, ganhou a imortalidade!

Agora que reconhecemos que a natureza descobriu o caminho da imortalidade, resta para nós humanidade, alguma esperança?



[1] Romanos 1:20 
[7] Gênesis 2:17 
[8] 2 Pedro 3:8

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