sexta-feira, 16 de novembro de 2012

O Catecismo Errado






 Milhares de pessoas têm ouvido o catecismo[1] errado e a sua falta de sentido crítico face a assuntos teológicos, leva-os a aceitar com confiança aquilo que ouvem. Mas urge ao homem actual, na imensidão do conhecimento e dos meios de divulgação, re-equacionar as questões, debater de novos os assuntos sem receios. A religião é apenas uma ideia e não está arredada do escrutínio humano. Não se pode confundir ‘respeito’ com ‘censura’. O respeito pela religião não deve significar que as ideias propostas pelos religiosos, sejam aceites sem qualquer escrutínio ou que deva ser censurada qualquer crítica às bases do seu pensamento. 

Agarrando a ideia do Deus cristão, Todo-Poderoso[2] mas simultaneamente bom e Todo-Amoroso[3], vamos analisar como esta ideia não se enquadra nos factos tal como apresentados nas Escrituras.

 Basicamente, o Senhor após o pecado original, contaminou-nos com a morte adâmica. Portanto Deus quer que morramos, como punição de um dos nossos antepassados ter feito algo que o chateou grandemente! Não percebo onde está a bondade da medida, nem mesmo a justiça, mas aceitando o argumento daquilo que um antepassado nosso faz, possa prejudicar as gerações vindouras, deixa-se passar…[4]

Se o objectivo do Diabo é manter-nos afastados de Deus, por nos levar a pecar, então o Diabo tem todo o interesse em que nenhum de nós morra, porque todos, até os bebés, já nascem com pecado! Caímos no paradoxo de Deus, o tal que é Todo-Poderoso e só amor, quer-nos mortos e o Diabo, o tal que é mais mau que as cobras, quer-nos vivos!

Deus quer que vivamos uma vida de pureza que basicamente consiste em nos negarmos a usufruir tudo o que nos dá prazer. Ou seja recusar o prazer da gula, da bebedeira e muito menos rock n’ roll, drogas e sexo. Qual é a recompensa? Regra geral após a morte, esperar viver uma espécie de pedrada do espírito santo que nos dará uma sensação de felicidade incomparável. Ou seja, troca-se o certo pelo incerto e sem nenhuma garantia de que a tal pedrada, seja melhor do que todas as coisas que deixamos de usufruir para a obter. Cheira a negócio desonesto à légua!

Talvez uma ilustração ajude a perceber melhor: Imagine que lhe aparece um Sr. Fulano fino e bem falante, que lhe propõe o seguinte negócio: você vende todo o seu património, entrega todas as suas economias a este Sr. e ele promete-lhe que num futuro incerto [5] obterá tal rendimento que nunca mais se vai precisar de preocupar com nada! Quando você lhe pede provas de que isso é possível, ele argumenta que é pessoa honesta e que só duvidar da sua honestidade é ofensivo para ele, que afinal só quer o seu bem, só tem mesmo é de confiar ou de perder a oportunidade para sempre. Afinal entre todos, ele escolheu-o a si, você é o eleito, o privilegiado! Será que ingratamente vai virar as costas a tal maravilhoso privilégio?
 
Ou então apresenta-lhe uns desgraçados que já caíram na conversa dele e que tudo o que têm para lhe transmitir são palavras também[6].

Diga-me francamente, aceitaria um negócio como este? Se calhar não, mas a maioria que aprendeu pelo catecismo é isso que faz.

[1] https://pt.wikipedia.org/wiki/Catecismo
[2] Êxodo 6:3 “E eu costumava aparecer a Abraão, a Isaque e a Jacó como Deus Todo-Poderoso…” [3] A expressão ‘Todo-Amoroso’ não surge na Bíblia, mas podemos aceitá-la em face de 1 João 4:8 “Quem não mar, não chegou a conhecer a Deus, porque Deus é amor.”
[4] Caso por exemplo de uma mãe/pai sifilítico pode prejudicar filhos, ou mais recentemente alguém com SIDA.
[5] Normalmente até os que apresentam uma data, são cautelosos para deixar um argumento para a fuga.
[6] Curiosamente todos acham maravilhoso ter-se deixado enganar!

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