segunda-feira, 4 de julho de 2011

O que nos faz felizes?

A felicidade não é algo tão difícil de definir que não possa ser estudado objectivamente. Alguns académicos de ramos tão diferentes quanto a psicologia, as neurociências, a economia e a filosofia têm contribuído para que esta questão, sobre o que realmente nos faz felizes. Finalmente é possível uma resposta satisfatória há pergunta: O que nos faz felizes?

Direi de imediato que há quatro coisas que contribuem para a nossa felicidade:

1.      Termos pouca escolha
2.      Senso de pertença a um grupo
3.      Acreditar numa causa maior
4.      A ideia que controlamos a nossa vida

Passarei agora a desenvolver cada um destes aspectos:


Termos poucas escolhas. Contrariamente ao senso comum, não é na abundância que encontramos a felicidade. Somos muito mais felizes quando as nossas escolhas são bem limitadas. Se tivermos muita coisa para escolher, essa abundância apenas acrescenta angústia. [1] Também as escolhas que fazemos devem ser o mais definitivas possível, sem a hipótese de podermos voltar atrás, mesmo se eventualmente acharmos que fizemos a escolha errada. Também em circunstâncias infelizes, somos capazes de fabricar a felicidade que nos falta. É por isso que alguns indivíduos conseguem ser felizes em circunstâncias inimagináveis como por exemplo, campos de concentração. [2]


Senso de pertença a um grupo. Partilhamos mais de 97% dos nossos genes com os chimpanzés, o que alguns interpretam como prova da nossa ancestralidade comum. Os chimpanzés são animais sociais. Os animais sociais têm certas vantagens em termos de sobrevivência que animais menos sociais não têm. Alguns acham mesmo que a inteligência só se desenvolve entre espécies sociais. Seja como for, todos nos sentimos melhor quando nos sentimos enquadrados num grupo, como pertencendo a esse grupo e o nosso papel nele está claramente estabelecido. O primeiro grupo a que pertencemos é a família, depois pode ir-se alargando. As religiões menores em número de membros procuram alimentar este aspecto reforçando os laços entre estes, de modo que este senso de pertença seja bem forte.


Acreditar numa causa maior. Quando a nossa vida não parece limitada a uns poucos de anos à superfície do planeta para ser esquecida umas dezenas de anos após a nossa morte, esta adquire um sentido. É importante para a nossa felicidade acreditar que fazemos parte de um destino, de algo que nos transcende, mas do qual fazemos parte. Toda a esperança tem na sua base esta fé, este acreditar numa causa maior.


A ideia que controlamos a nossa vida. Se por alguma razão percebermos que as nossas escolhas não determinam o rumo da nossa vida, isto é, que ao invés de controlarmos os acontecimentos, são estes que nos controlam, isso tem um efeito pernicioso e até mesmo letal, em nós. Está intrínseco aqui a noção de poder. Para que a vida nos pareça merecer a pena ser vivida, temos de ter poder, alguma sensação de poder. [3]
Algumas ‘mitologias’ contemporâneas sobre o que nos faz felizes:


Ser rico. Não há nenhum estudo que prove que quanto mais rico se é, mais feliz se é. O que nos faz felizes mesmo é sermos todos classe-média.


Ter filhos. Ter filhos não contribui para a felicidade. Aliás estudos parecem comprovar antes o contrário: Os casais ficam infelizes com o nascimento do primeiro filho e voltam a reganhar felicidade quando o último filho sai de casa!


Sou único! Pensar que é especial ou único é apenas uma ilusão sua. Se o fosse as sondagens não serviriam para absolutamente nada! Contudo não é assim, porque somos todos muito iguais uns aos outros.


[1] “The Paradox of Choice: Why Less Is More” por Barry Schwartz
[2] “Stumbling on Happiness” por Daniel Gilbert, Capítulo 8
[3] Como se depreende a ânsia pelo poder revela uma insegurança fundamental!

1 comentário:

  1. Olá, Pedro! Acho que faz sentido o que diz! Se ter muito por onde escolher não fosse um problema, não haveria tanto rico infeliz! Mas mesmo assim, não sei se o ter muito por onde escolher será condição sine qua non para não se ser feliz...

    Mas eu acho que ter filhos contribui para a felicidade... é uma aprendizagem incrível!

    Acho que somos todos parecidos, mas dentro dessas parecenças, somos todos diferentes e... únicos!

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